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Milhões de vidas em risco com queda de vacinação infantil

Desde a pandemia de Covid-19, milhões de crianças ficaram desprotegidas contra doenças como sarampo, tuberculose e poliomielite

por gazetalitoranea.com.br
22 visualizações Cristina Santos - RTP
queda de vacinação infantil

O alerta é feito pelos autores de um estudo científico publicado na revista The Lancet. A vacinação de crianças contra doenças fatais está diminuindo em todo o mundo. Isto é justificado pelas desigualdades económicas que se aprofundam, pelas interrupções de vacinação causadas pela Covid-19 e ainda devido à desinformação sobre alegados efeitos das vacinas.

Desde a pandemia de Covid-19, milhões de crianças ficaram desprotegidas contra doenças como sarampo, tuberculose e poliomielite. Ou seja, alertam os investigadores, agora há um risco maior de surtos de doenças como sarampo, poliomielite e difteria.

No que diz respeito apenas ao sarampo, o estudo revela que a vacinação diminuiu em quase 100 países.

Os investigadores alertam também para a queda das taxas de vacinação na Europa, nos EUA e em outros países ricos.
 
A União Europeia registou quase dez vezes mais casos de sarampo em 2024 do que em 2023.
 
Nos Estados Unidos, só em maio, o número de casos confirmados de sarampo (mais de mil) ultrapassou o valor registado durante o ano de 2024.
O principal autor do estudo (do Instituto de Métricas e Avaliações de Saúde (IMAS) da Universidade de Washington, nos Estados Unidos) sublinha que “a vacinação infantil de rotina é uma das intervenções de saúde pública mais poderosas e económicas”, mas tem derrapado.
Em 2023, havia quase 16 milhões de crianças sem vacinação, a maioria delas na África Subsaariana e no sul da Ásia.
Outro alerta é o número crescente de casos de poliomielite que há muito tempo foram erradicados em várias partes do mundo graças à vacinação. Agora estão a surgir relatos de casos no Paquistão e no Afeganistão, enquanto a Papua-Nova Guiné enfrenta uma epidemia desta doença.
A poliomielite é uma doença grave que pode causar paralisia irreversível. Sendo uma infeção muito contagiosa é, por vezes, mortal. Estende-se do intestino ao corpo todo, mas o cérebro e a espinal medula são os mais gravemente afetados. Nos países em vias de desenvolvimento, o vírus propaga-se através da água contaminada por fezes humanas e afeta sobretudo crianças com idade inferior a cinco anos.

Os investigadores recomendam que todos os países invistam no fortalecimento de sistemas de saúde primários.

O estudo, do Instituto de Métricas e Avaliações de Saúde (IMAS) da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, avaliou o panorama global da vacinação infantil de 1980 a 2023. São divulgadas estimativas atualizadas para 204 países e territórios.
 
Os últimos 50 anos testemunharam um progresso sem precedentes nos programas de vacinação em todo o mundo, (o programa de imunização da Organização Mundial da Saúde salvou cerca de 154 milhões de vidas de crianças). No entanto, a situação está a mudar.
 
Os investigadores encontram várias razões para a diminuição da vacinação infantil à escala mundial.
“As persistentes desigualdades globais, os desafios impostos pela pandemia de Covid, a crescente desinformação e a hesitação em relação à vacinação” justificam o enfraquecimento dos programas afirmam os investigadores.
A estas razões, Emily Haeuser, co-autora do estudo, acrescenta outras. “Um número crescente de pessoas deslocadas e o aumento das disparidades devido a conflitos armados, volatilidade política, incerteza económica e crises climáticas”.
O resultado, concluem os investigadores, é o aumento das epidemias de doenças que as vacinas podem evitar.
 
Milhares de vidas estão a ser colocadas em risco.

O estudo foi publicado na revista The Lancet, antes da conferência de doadores da Aliança Gavi para Vacinas, que acontece esta quarta-feira em Bruxelas.

Gavi
O Gavi – The Vaccine Alliance é uma parceria público-privada que promove a vacinação de cerca de metade das crianças do mundo contra algumas das doenças com maior índice de mortalidade à escala global.

Desde que foi criado, no ano 2000 o GAVI ajudou a imunizar milhões de crianças, prevenindo mais de 14 milhões de mortes. Isto significou a diminuição da mortalidade infantil, para cerca de metade, em 73 países com baixos índices de desenvolvimento.

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