Julho é tempo de pausa. Para muitos, é tempo de descanso e de rotas turísticas que cruzam o Ceará com sotaques diversos. Mas, entre as malas que chegam e os sorrisos que pousam nas areias quentes do nosso litoral, uma realidade persiste: os casos de violência contra mulheres aumentam nesse período.
É por isso que o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, realiza durante o mês de julho, uma série de ações educativas nos principais pontos de entrada e circulação de pessoas em Fortaleza: Aeroporto, Rodoviária e Beira-Mar.
“A violência raramente chega ao Judiciário como uma primeira queixa. Quando chega, a agressão já se materializou, já deixou marca”, explica Clarissa Carvalho, analista judiciária da Coordenadoria da Mulher. “Mas há uma cultura que antecede essas violências. Por isso, é preciso agir antes: com prevenção, com conscientização, com escuta.”
Às terças-feiras, a equipe está no Aeroporto Internacional Pinto Martins. Às quartas, na Rodoviária de Fortaleza. E às quintas, a ação acontece na Beira-Mar, aproveitando o pôr do sol como pano de fundo para espalhar luz sobre um tema urgente. Os profissionais envolvidos na campanha vêm dos Juizados da Mulher e estão preparados para acolher, orientar e encaminhar. São mãos estendidas em meio ao fluxo de quem chega, parte ou apenas caminha — porque em qualquer lugar, uma mulher pode precisar de ajuda.
Os panfletos entregues falam de leis. Os sorrisos e escutas oferecidos falam de humanidade. É assim que o Judiciário faz sua parte: com firmeza institucional e empatia real.

Os panfletos entregues falam de leis. Os sorrisos e escutas oferecidos falam de humanidade – Foto: Sara Parente/Ascom TJCE
“É preciso lembrar aos potenciais ofensores que isso é crime. Existe uma lei. Existe o 180. E existe um sistema de Justiça atuando em conjunto para proteger essas mulheres”, reforça Clarissa. O trabalho é articulado com a Defensoria Pública, o Ministério Público, as forças policiais e equipamentos como a Casa da Mulher Brasileira.
A iniciativa, embora simples, impacta. Quem sente na pele sabe. Adriana Souza, dona de casa, veio de Manaus visitar Fortaleza. No saguão do aeroporto, recebeu o material e se emocionou. “Tem muita mulher vivendo violência e não sabe. Às vezes, o medo vem disfarçado de silêncio. A minha parente mesmo… Ela já nem sorria. Vivia oprimida, sem poder ver a gente. Era como se o mundo dela tivesse encolhido”, contou, com os olhos marejados. “Essas ações acordam a gente, fazem lembrar que mulher não é propriedade de ninguém.”
No mês em que pessoas de todo o país se deslocam para férias, o Tribunal de Justiça do Ceará se move para garantir que nenhuma mulher fique para trás. Que nenhuma dor passe despercebida. E que nenhuma história seja calada.