Não são nem 10 horas da manhã e o cheiro de comida se espalha pelos arredores do residencial Alto da Paz, no Cais do Porto, em Fortaleza. Nas panelas da cozinheira Josenilda de Melo e da auxiliar Joana D’Arc, a carne moída ganha cor e consistência, os legumes amolecem, e o arroz e o feijão chegam ao ponto certo de abastecer, daqui a pouco, as 100 quentinhas que serão distribuídas para moradores do entorno.
A Cozinha Solidária da Associação dos Moradores do Alto da Paz (Amap), gerida pela União de Jovens do Vicente Pinzón (UJVP), é uma das 1.080 Unidades Sociais Produtoras de Refeições (USPR) credenciadas junto ao Programa Ceará Sem Fome, do Governo do Estado. Juntas, elas fornecem 100 mil quentinhas por dia, de segunda a sexta-feira, ajudando a matar a fome de pessoas em extrema vulnerabilidade social.
Nos últimos meses, o Diário do Nordeste visitou cinco cozinhas do Programa, em quatro cidades do Estado, para conhecer o trabalho dos profissionais envolvidos e a recepção dos beneficiários. Assim, servimos o especial “Ceará: Comer e Curar”, que mostra os sabores e desafios do combate à insegurança alimentar e seus impactos em áreas como saúde, economia e educação.
A resposta à fome exige comprometimento e rotina. Josenilda e Joana abrem a cozinha por volta das 7h para iniciar um ritual. Limpam o ambiente, colocam a proteína do dia (carne bovina, frango, porco ou peixe) para descongelar e começam a descascar cenouras e batatas. Depois, é o fogão industrial que entra em ação, mas sempre comandado pelas duas mulheres. Por volta das 10h30, já é o momento de “empratar” as refeições nas marmitas: é que às 11h já tem gente na fila.