A revelação de que a procuradora-geral Pam Bondi disse ao presidente Donald Trump que seu nome estava nos arquivos de Jeffrey Epstein voltou a atenção para o relacionamento do presidente com o rico financista e para o anúncio do Departamento de Justiça neste mês de que não divulgaria nenhum documento adicional do caso.
Mas pelo menos algumas das informações contidas no briefing para Trump, que o The Wall Street Journal disse ter ocorrido em maio, não deveriam ter sido uma surpresa.
A associação do presidente com Epstein está bem estabelecida e seu nome foi incluído em registros que seu próprio Departamento de Justiça divulgou em fevereiro como parte de um esforço para satisfazer o interesse público em informações da investigação de tráfico sexual .
Trump nunca foi acusado de qualquer irregularidade relacionada a Epstein, e a mera inclusão do nome de alguém nos arquivos da investigação não implica o contrário. Epstein, que se suicidou na prisão em 2019 enquanto aguardava julgamento, também tinha muitos amigos proeminentes nos círculos políticos e de celebridades, além de Trump.
Os laços de Trump com Epstein
Não deveria ser surpresa para Trump que seu nome fosse encontrado em registros relacionados a Epstein.
O vazamento de documentos do Departamento de Justiça em fevereiro incluiu referências a Trump na lista telefônica de Epstein e seu nome também foi mencionado nos registros de voo do avião particular de Epstein.
Ao longo dos anos, milhares de páginas de registros foram divulgadas por meio de ações judiciais, processos criminais de Epstein, divulgações públicas e solicitações da Lei de Liberdade de Informação. Em janeiro de 2024, um tribunal tornou público o lote final de um conjunto de documentos coletados como prova em uma ação judicial movida pela vítima de Epstein, Virginia Giuffre.
Os registros tornados públicos também incluem um depoimento de 2016, no qual uma acusadora relatou ter passado várias horas com Epstein no cassino de Trump em Atlantic City, mas não disse se de fato conheceu Trump e não o acusou de qualquer irregularidade. Trump também disse que já considerou Epstein um “cara incrível”, mas que depois eles tiveram uma desavença.
“Eu o conhecia como todo mundo em Palm Beach o conhecia”, disse Trump em 2019, quando imagens de vídeo descobertas pela NBC News após o indiciamento federal de Epstein mostraram os dois conversando em uma festa na propriedade de Trump em Mar-a-Lago, em 1992, quando o então presidente era recém-divorciado. “Ele era uma figura em Palm Beach. Tive um desentendimento com ele há muito tempo. Acho que não falo com ele há 15 anos.”
A decisão do departamento de não divulgar arquivos adicionais do caso
O Departamento de Justiça surpreendeu teóricos da conspiração, detetives online e elementos da base de Trump neste mês quando divulgou uma carta de duas páginas dizendo que a chamada “lista de clientes” de Epstein, que Bondi uma vez insinuou estar em sua mesa, não existia e que as autoridades não planejavam divulgar quaisquer documentos adicionais de sua investigação, apesar de um compromisso anterior de fornecer transparência.
Não está claro se o briefing de Bondi a Trump em maio influenciou essa decisão.
O Departamento de Justiça não comentou diretamente sobre o encontro com Trump, mas Bondi e Blanche disseram em uma declaração conjunta que uma revisão dos arquivos de Epstein mostrou que não havia nada que justificasse uma investigação ou processo mais aprofundado.
“Como parte de nosso briefing de rotina”, dizia o comunicado, “informamos o Presidente sobre nossas descobertas”.
