Maior produtor de camarão do Brasil, o Ceará deve crescer ainda mais a criação do animal ao longo de 2025. A expectativa é que o Estado supere a marca de 100 mil toneladas de camarão produzidas ao longo do ano.
A projeção é da Associação de Produtores de Camarão do Ceará (APCC) e da Cooperativa dos Produtores de Camarão do Ceará (Copacam).
A produção cearense em 2024 chegou a 88 mil toneladas, segundo Luiz Paulo Sampaio, presidente das entidades. Ele conversou com o Diário do Nordeste, durante o Água Innovation, que acontece até esta sexta-feira (23) em Limoeiro do Norte
O Ceará concentra mais da metade da produção de camarão em território brasileiro.
Conforme o último dado oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente à produção de 2023, seis em cada dez camarões consumidos pelos brasileiros têm origem cearense.
A liderança da produção é mantida com folga. O segundo maior estado produtor, Rio Grande do Norte, contabilizou 24 mil toneladas do crustáceo em 2023.
O crescimento em 2025 deve ser resultado da expansão do parque de produção cearense. Um dos empreendimentos prósperos deve ser instalado em Itarema, no litoral oeste do Ceará.
Luiz Paulo Sampaio destaca também a expansão contínua dos pequenos produtores, que já somam mais de 2 mil pequenas fazendas de camarão em todo o Estado.
“Temos muito forte o perfil dos micro e pequenos produtores, pessoas que estão migrando de outras atividades para criar camarão. Há uma necessidade de organização das pequenas fazendas, que não conseguem pedir licenciamentos ambientais com a mesma velocidade, por isso a importância das cooperativas”, afirma.
Segundo dados da Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE, entre as cidades cearenses com maior produção de camarão, estão:
- Aracati
- Jaguaruana
- Acaraú
- Russas
- São João do Jaguaribe
Novos destinos de exportação
A produção da carcinicultura cearense pode ganhar novos mercados consumidores nos próximos meses. O setor e o Governo Federal estão em negociação para que o camarão brasileiro seja exportado para China, Reino Unido e países da União Europeia.
As tratativas com o Reino Unido são as mais avançadas e a exportação para a nação pode começar ainda neste ano, aponta Luiz Paulo Sampaio.
“Isso depende de negociação governamental, órgãos de defesa sanitária que têm que entrar em acordo. Há promessa de vinda de comitiva da comunidade europeia e também notícias positivas da China”, afirma.
O mercado europeu encontra-se fechado para os camarões brasileiros desde 2018, após a identificação de inconformidades em um navio proveniente de outro estado. A expectativa de retorno da comercialização tomou força com o acordo entre Mercosul e União Europeia.
Como o Ceará é o maior produtor, naturalmente deve ser um dos estados mais beneficiados pela ampliação do mercado exportador.
O presidente da APCC destaca também o potencial de crescimento do mercado interno, que registra variações sazonais.
“Temos uma demanda reprimida gigantesca no mercado nacional. Infelizmente até o momento a gente ainda não conseguiu que se torne um prato comum na mesa dos brasileiros, como o frango. Na grande maioria é um consumo externo, em restaurantes”, avalia.
Necessidade de fortalecer beneficiamento
Um dos principais gargalos da produção de camarão cearense é o beneficiamento do produto. Cerca de 40% do que é produzido no Ceará é processado internamente e comercializado congelado pelo estado.
A maior parte da produção é vendida fresca para outros estados, que tratam o produto e vendem congelado. Na prática, o Ceará perde a chance de vender mais do produto final, com o maior valor na cadeia.
“Nós perdemos em valor agregado. Tudo poderia ser concentrado aqui, gerando mais dinheiro e empregos para o Ceará”, defende Luiz Paulo Sampaio.
Uma iniciativa promissora é uma indústria de processamento de camarão que deve ser instalada em São João do Jaguaribe nos próximos anos. Com recursos do Ministério da Pesca e do Codevasf, o empreendimento está em fase de licenciamento.
A fábrica deve ter capacidade de processar 200 toneladas de camarão por mês. Embora seja operação tímida em comparação com a produção cearense, a expectativa é que a planta seja modelo para novos polos de beneficiamento.